Abordagem

O envolvimento muscular e cutâneo se desenvolve simultaneamente em cerca de 60% dos pacientes, apesar de 30% das lesões cutâneas precederem a fraqueza muscular.[58] Em alguns casos, o intervalo entre as lesões cutâneas e os sintomas de fraqueza muscular pode durar vários meses.[59] Entre 10% e 20% dos pacientes têm lesões cutâneas típicas, mas nunca evoluem para a doença muscular clinicamente aparente.[2]

História

O sintoma musculoesquelético fundamental é a fraqueza muscular proximal subaguda que afeta os braços e as pernas. Os pacientes relatam dificuldade em levantar-se de uma cadeira, subir escadas e lavar ou pentear os cabelos. A mialgia está presente em <30% dos pacientes.[3] A fraqueza motora distal é uma característica rara e tardia e levanta a possibilidade de miosite de corpos de inclusão como um diagnóstico alternativo. Os músculos extraoculares não são afetados.[37]

Os pacientes podem apresentar uma variedade de manifestações cutâneas (por exemplo, rash heliotrópico, pápulas de Gottron, eritemas violáceos maculares).[60] Em muitos casos, o envolvimento cutâneo causa morbidade significativa e pode persistir apesar do bom controle da doença muscular.[61] A fotossensibilidade pode ser relatada e o prurido pode ser um sintoma proeminente.[62][63]

Outros sintomas são menos comuns e incluem fadiga, febre, artralgia, fenômeno de Raynaud, dispneia, disfagia, disfonia, regurgitação nasal de líquidos, palpitações, síncope e sintomas de insuficiência cardíaca.[3]

Na dermatomiosite associada a neoplasia, os pacientes também podem relatar uma série de sintomas relacionados à neoplasia subjacente.

Exame

A característica clínica que diferencia a dermatomiosite de outras miopatias inflamatórias é a presença do envolvimento cutâneo característico.[1] Várias lesões cutâneas foram descritas.

  • Pápulas de Gottron (pápulas violáceas achatadas e placas nas superfícies dorsais das articulações, punhos, cotovelos e joelhos) são patognomônicas.[64][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Manchas eritematosas maculares (pápulas de Gottron) sobre a superfície dorsal das mãos, especialmente ao longo das articulações metacarpofalângicas e interfalangianas proximaisAdaptado de BMJ Case Reports 2009 [doi:10.1136/bcr.06.2009.2027] Copyright © 2009 by the BMJ Publishing Group Ltd [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@4c7370fc[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Manchas eritematosas maculares (pápulas de Gottron) sobre os cotovelosAdaptado de BMJ Case Reports 2009 [doi:10.1136/bcr.06.2009.2027] Copyright © 2009 by the BMJ Publishing Group Ltd [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@1e3b43d1[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Manchas eritematosas maculares (pápulas de Gottron) sobre os joelhosAdaptado de BMJ Case Reports 2009 [doi:10.1136/bcr.06.2009.2027] Copyright © 2009 by the BMJ Publishing Group Ltd [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@5b7b6050

  • O rash heliotrópico cutâneo (eritema violáceo escuro periorbital das pálpebras, frequentemente associado a edema) e eritemas violáceos maculares em algumas distribuições clássicas (sinal de V, sinal de xale, sinal de Gottron) são manifestações cutâneas comuns e altamente características.[60][65][66] Áreas atróficas com hipopigmentação e hiperpigmentação diferentes, telangiectasias e descamação (poiquilodermia vascular atrofiante) podem ocorrer em áreas de eritema violáceo macular crônico.

  • Hiperceratose, descamação e fissuras das palmas das mãos e aspecto palmar dos dedos são comumente referidas como mãos de "mecânico”.

  • O exame físico das unhas pode identificar eritema periungueal, dilatação capilar da dobra ungueal e sobrecrescimento cuticular. Embora essas alterações ungueais possam ser observadas em outras doenças do tecido conjuntivo, elas ocorrem mais comumente na dermatomiosite.[67][68]

  • A calcinose cutânea, apesar de observada em 30% a 70% da dermatomiosite juvenil, é rara na dermatomiosite adulta.[69][70][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Manchas eritematosas maculares (pápulas de Gottron) nos pododáctilos com cutículas distróficasAdaptado de BMJ Case Reports 2009 [doi:10.1136/bcr.06.2009.2027] Copyright © 2009 by the BMJ Publishing Group Ltd [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@457df564

Envolvimento muscular

  • Em pacientes com envolvimento muscular, o exame físico revela fraqueza muscular proximal simétrica. A gravidade da fraqueza varia entre os pacientes.

  • A dor à palpação muscular está presente em aproximadamente 50% dos pacientes.

  • A atrofia muscular pode ser observada na doença de longa duração, mas a atrofia muscular grave não é comum e diagnósticos alternativos devem ser considerados quando ela estiver presente.[9]

  • A fraqueza dos flexores do pescoço pode resultar em dificuldade para levantar a cabeça e o envolvimento bulbar pode causar rouquidão, disfonia ou regurgitação nasal.

  • A dispneia pode ser observada durante o exame físico. Quando decorrente da fraqueza dos músculos respiratórios, a expansão torácica e a entrada de ar podem ser reduzidas.

Manifestações sistêmicas

  • Na presença de doença pulmonar intersticial associada, as crepitações bilaterais finas podem ser ouvidas na ausculta.[71]

  • Sinais de insuficiência cardíaca (taquicardia, pressão venosa jugular elevada, ritmo de galope e edema) podem estar presentes quando há envolvimento cardíaco. Isso é incomum e é um indicador de prognóstico desfavorável.[72][73]

  • A poliartrite inflamatória pode ocorrer e, quando presente, tem uma distribuição semelhante à artrite reumatoide.[74] O envolvimento da articulação é mais comum quando a dermatomiosite faz parte de uma sobreposição a outras doenças do tecido conjuntivo. A artrite deformante grave é mais provavelmente uma característica da polimiosite.[75]

  • O fenômeno de Raynaud pode ser observado e é mais comum na dermatomiosite sobreposta.[9]

Investigações

A solicitação inicial da investigação será influenciada pelo fato de o paciente apresentar sintomas cutâneos, sintomas musculares ou ambos.

  • Os pacientes com dermatomiosite clinicamente amiopática (DMCA) precisam de avaliação da doença muscular subclínica. Isso deve ser buscado através da medição da creatina quinase (CK), eletromiografia, biópsia muscular e ressonância nuclear magnética (RNM).[76]

  • Pacientes com dermatomiosite clássica (DMC) ou dermatomiosite amiopática (DMA) devem ser investigados quanto a neoplasia oculta e outras manifestações da doença, como a doença pulmonar intersticial.[2][76][77][78]

As seguintes investigações são recomendadas, embora nem todas sejam necessárias.

1. Para estabelecer o diagnóstico de dermatomiosite:

  • CK sérica e aldolase

  • Eletromiografia

  • Biópsia muscular

  • Biópsia de pele

  • Fator antinuclear (FAN) e anticorpos específicos da miosite

  • RNM muscular.

2. Para o rastreamento de envolvimento de órgãos principais e para determinar o prognóstico:

  • eletrocardiograma (ECG)

  • Ecocardiografia

  • radiografia torácica

  • Troponina I

  • testes de função pulmonar

  • Tomografia computadorizada (TC) de alta resolução do tórax

  • Esofagografia baritada ou avaliação videofluoroscópica da deglutição.

3. Para avaliar a presença de neoplasia associada:

  • Hemograma completo, ferritina sérica, rastreamento da bioquímica sérica

  • Urinálise

  • Exame de sangue oculto nas fezes

  • radiografia torácica

  • Mulheres: mamografia, CA-125 e ultrassonografia pélvica[79][80]

  • Homens: antígeno prostático específico[79]

  • TC do tórax/abdome/pelve[81][82]

  • Outras investigações (por exemplo, endoscopia gastrointestinal) orientadas pelos sintomas e resultados anormais.

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