Avaliação da dismenorreia

Nas mulheres com dor abdominal inferior ou dor na pelve em que há suspeita de gestação, esta deve ser obrigatoriamente excluída mediante um teste de gravidez no soro ou na urina. As complicações da gestação, como gravidez ectópica, necessitam de avaliação ultrassonográfica urgente e tratamento com um ginecologista.[36]National Institute for Health and Care Excellence. Ectopic pregnancy and miscarriage: diagnosis and initial management. Aug 2023 [internet publication]. https://www.nice.org.uk/guidance/ng126 É improvável que esta dor afete as menstruações subsequentes e deve ser fácil distingui-la da dismenorreia.

A apendicite é um quadro clínico não ginecológico sério que deve ser avaliada no diagnóstico diferencial de mulheres que apresentam dor na parte inferior do abdome e sintomas associados como anorexia, febre, náuseas e vômitos. Uma relação com as menstruações seria muito incomum. Antieméticos e analgésicos aumentam o conforto da paciente e não apresentam efeitos adversos na acuidade do exame físico. Estudos diagnósticos apropriados, inclusive a contagem leucocitária e uma tomografia (TC) do abdome são auxiliares na confirmação deste diagnóstico, no caso de uma suspeita clínica elevada. Ao realizar uma consulta com um cirurgião geral, é necessário escolher antibióticos pré-operatórios que forneçam uma cobertura de amplo espectro de Gram-negativos e anaeróbios.[37]Andersen BR, Kallehave FL, Andersen HK. Antibiotics versus placebo for prevention of postoperative infection after appendicectomy. Cochrane Database Syst Rev. 2005 Jul 20;(3):CD001439. https://www.doi.org/10.1002/14651858.CD001439.pub2 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16034862?tool=bestpractice.com

Torção ovariana

A torção ovariana é tipicamente caracterizada por uma dor na parte inferior do abdome de início agudo, associada a náuseas e vômitos. Embora a torção ovariana continue sendo uma entidade de diagnóstico clínico, a ultrassonografia pélvica pode ser uma ferramenta diagnóstica útil em casos menos bem definidos. Além do controle da dor, recomenda-se uma avaliação cirúrgica urgente para preservar a função ovariana e a fertilidade futura.

Doença inflamatória pélvica (DIP) aguda

Devem ser considerados testes para infecções sexualmente transmissíveis na avaliação inicial se fatores de risco estiverem presentes. No entanto, podem ser negativos, mesmo em casos de DIP confirmada. Recomenda-se uma antibioticoterapia imediata para as mulheres com DIP aguda para minimizar a morbidade em curto e em longo prazo, como infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica. A ultrassonografia pode ajudar no diagnóstico de patologia associada, como abscesso tubo-ovariano, que pode necessitar de intervenção cirúrgica.