Abordagem

Tal como acontece com todas as doenças diarreicas, a reposição eletrolítica é essencial para o tratamento. Mesmo naqueles pacientes que necessitam de atendimento médico para a enterite por Campylobacter, apenas uma pequena proporção provavelmente se beneficia da terapêutica antimicrobiana.

Reidratação

A complicação mais comum da doença diarreica é a desidratação. O tratamento inicial para todos os pacientes com infecção por Campylobacter começa pela hidratação.[14]

Para pacientes que podem tomar líquidos por via oral, recomenda-se a reidratação com aumento de líquidos ou soluções de reidratação oral (SRO) - consistindo de água, açúcares e eletrólitos. Uma revisão sistemática revelou que SROs baseadas em polímeros têm vantagens sobre as baseadas em glicose, mas a análise foi estatisticamente insuficiente.[40] Para aqueles incapazes de tolerar líquidos por via oral por causa de náuseas e vômitos, a fluidoterapia intravenosa deve ser administrada e o equilíbrio eletrolítico monitorado rigorosamente.

Terapêutica antimicrobiana

Antibióticos não são indicados em infecções não complicadas.[14]​​[41] As indicações para terapêutica antimicrobiana incluem febre alta, infecção sistêmica com bacteremia suspeita ou persistente, diarreia hemorrágica e persistência dos sintomas por >1 semana. Antibióticos também são indicados em pacientes imunocomprometidos.

Os macrolídeos (por exemplo, azitromicina, eritromicina) são geralmente o tratamento de primeira escolha em crianças e adultos.[28][42]​​ A azitromicina é o macrolídeo de escolha por sua conveniente administração em dose oral única. A eritromicina é usada com menos frequência.[43]

Os macrolídeos podem causar prolongamento do intervalo QT. Tenha cuidado em: pacientes com história de prolongamento do intervalo QT; condições que podem aumentar o risco de prolongamento do intervalo QT ou torsades de pointes; ou pacientes que estão tomando outros medicamentos conhecidos por prolongar o intervalo QT.

As fluoroquinolonas (por exemplo, ciprofloxacino) só são recomendadas quando se considera inadequado o uso de outros antibióticos comumente recomendados para esta infecção. Os antibióticos fluoroquinolonas sistêmicos podem causar eventos adversos graves, incapacitantes e potencialmente duradouros ou irreversíveis. Isso inclui, mas não está limitado a: tendinopatia/ruptura de tendão; neuropatia periférica; artropatia/artralgia; aneurisma e dissecção da aorta; regurgitação de valvas cardíacas; disglicemia; e efeitos sobre o sistema nervoso central, incluindo convulsões, depressão, psicose e pensamentos e comportamento suicidas.[44]

  • Aplicam-se restrições de prescrição ao uso das fluoroquinolonas, e essas restrições podem variar entre os países. Em geral, o uso das fluoroquinolonas deve ser restrito para o uso nas infecções bacterianas graves e com risco à vida, somente. Algumas agências regulatórias também podem recomendar que elas sejam usadas apenas nas situações em que outros antibióticos comumente recomendados para a infecção forem inadequados (por exemplo, resistência, contraindicações, falha do tratamento e indisponibilidade).

  • Consulte as diretrizes locais e o formulário de medicamentos para obter mais informações sobre adequação, contraindicações e precauções.

Pesquisas realizadas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças indicam que as cepas de Campylobacter resistentes a antibióticos aumentaram. Em 2019, 28% das infecções por Campylobacter eram resistentes a ciprofloxacino, e 4% eram resistentes à azitromicina, e 2% tinham suscetibilidade reduzida a ambos os medicamentos.[45]

Em pacientes imunocomprometidos, a terapêutica antimicrobiana deve ser escolhida com base em testes laboratoriais de sensibilidade, e a terapia prolongada geralmente é necessária.[46][47]​​ Nos casos complicados que exigem o uso de antibióticos, deve-se começar o tratamento empírico enquanto se espera o teste de sensibilidade.

Nas infecções sistêmicas, são indicados antibióticos intravenosos.

Se um paciente não responder à terapêutica antimicrobiana guiada por sensibilidade, outras possíveis etiologias devem ser investigadas.

Gestação

As espécies de Campylobacter podem causar infecções perinatais e até mesmo morte fetal. Por essa razão, a infecção por Campylobacter também deve ser ativamente descartada em gestantes com doença diarreica. A eritromicina é o medicamento recomendado na gestação.

Probióticos

Podem ser oferecidos probióticos para reduzir a gravidade e a duração dos sintomas de diarreia em adultos imunocompetentes e crianças com diarreia infecciosa ou associada a antimicrobianos.[28] No entanto, são necessárias pesquisas adicionais para orientar o uso de probióticos em pacientes que sofrem de enterite por Campylobacter.[48]

Zinco

A suplementação oral de zinco demonstrou reduzir a duração da diarreia infecciosa em crianças de 6 meses a 5 anos em países com alta prevalência de deficiência de zinco ou em crianças que sofrem de desnutrição.[28]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal