Etiologia
A mastite pode ocorrer com ou sem infecção. A mastite infecciosa e o abscesso mamário geralmente são causados pela colonização da pele por bactérias. Casos decorrentes de Staphylococcus aureus são os mais comuns, seguidos por aqueles decorrentes de estafilococos coagulase-negativos.[1][5] O S aureus resistente à meticilina é um problema crescente e tem sido cada vez mais encontrado em casos de mastite e abscesso mamário.[10][11]
As infecções da mama podem às vezes ser polimicrobianas (até 40% dos abscessos), com isolamento de aeróbios (Staphylococcus, Streptococcus, Enterobacteriaceae, Corynebacterium, Escherichia coli e Pseudomonas), bem como anaeróbios (Peptostreptococcus, Propionibacterium, Bacteroides, Lactobacillus, Eubacterium, Clostridium , Fusobacterium e Veillonella).[12][13][14] Um estudo dos abscessos mamários primários e recorrentes mostrou que fumantes tinham maior probabilidade de ter bactérias anaeróbias (isoladas em 15% dos pacientes).[15]
Entre os patógenos menos comuns estão a Bartonella henselae (agente da doença por arranhadura do gato), micobactéria (tuberculose e micobactéria atípica), Actinomyces, Brucella, fungos (Candida e Cryptococcus), parasitas e infestação por larva da mosca-do-berne. Infecções da mama incomuns podem ser a apresentação inicial da infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV).[16][17]
A mastite não infecciosa pode resultar da ectasia do ducto subjacente (mastite periductal ou mastite plasmocitária) e, raramente, por material estranho (por exemplo, piercing nos mamilos, implante mamário ou silicone).[18][19] A mastite granulomatosa (lobular) é uma doença benigna de etiologia desconhecida.[9]
Fisiopatologia
Na mastite lactacional, a estase ou a superprodução láctea, ligadas à infecção decorrente da entrada de bactérias na mama através de um mamilo traumatizado (por exemplo, rachado ou com fissuras) e/ou através da boca do lactente, pode levar à mastite.[1] O aumento temporário das mamas do neonato por conta dos hormônios maternos os torna vulneráveis à mastite.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Mastite lactacional: imagem microscópica mostrando glândulas hipersecretoras associadas à inflamaçãoDo acervo de Liron Pantanowitz, MD, Tufts University School of Medicine, MA [Citation ends].
Na ectasia do ducto (ductos dilatados associados à inflamação), a sequência da doença inflamatória associada ao ducto envolve metaplasia escamosa dos ductos lactíferos. Isso causa bloqueio (mastopatia obstrutiva) com inflamação periductal e possível ruptura do ducto.[5] Ductos inflamados são propensos a infecção bacteriana. Se não for tratada, a mastite pode causar a destruição do tecido, resultando em um abscesso.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Ectasia de ducto com um tampão de queratina calcificado central e uma resposta inflamatória de células gigantes associadaDo acervo de Liron Pantanowitz, MD, Tufts University School of Medicine, MA [Citation ends].
Abscessos não puerperais não relacionados à amamentação podem ser subareolares ou periféricos. Acredita-se que a mastite subareolar ocorra em decorrência de danos aos dutos subareolares, que infectam; há suspeita de que o tabagismo seja um fator predisponente significativo. O abscesso lácteo é, geralmente, periférico e causado pela rachadura do mamilo, que permite a entrada de bactérias que podem infectar os ductos com leite.[20]
Também pode ocorrer um abscesso sem mastite precedente aparente. A ruptura de um abscesso pode levar à drenagem sinusal, resultando em fístula.
Na mastite tuberculosa, os bacilos micobacterianos podem entrar na mama através de:
Inoculação direta (infecção primária) através da abrasão de um mamilo
Portais distantes (infecção secundária), como disseminação linfática, disseminação hematogênica (miliar) ou disseminação contígua (por exemplo, empiema de necessidade).
A tuberculose (TB) mamária pode apresentar reação nodular, difusa ou esclerosante. A apresentação mais comum é um nódulo indolor com ou sem trato sinusal. A maioria dos casos de mastite tuberculosa é secundária, e a infecção ocorre pela disseminação contígua dos linfonodos (mais comumente axilares, seguidos dos cervicais e mediastinais) ou menos comumente pela pleura ou parede torácica, ou ainda por via hematogênica. A tuberculose primária da mama é rara. Alguns casos de mastite tuberculosa podem ser confundidos com carcinoma mamário.[6][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Mastite tuberculosa: mamografia mostrando uma lesão de massa no quadrante superior externoAdaptado do Internet J Surgery (2007); usado com permissão [Citation ends].
Os granulomas necrosantes são as características histopatológicas marcantes da infecção por tuberculose.
Na mastite granulomatosa idiopática, a inflamação granulomatosa não necrosante é centrada em lóbulos que, clinicamente, podem resultar em massa indolor.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Imagem microscópica de inflamação granulomatosa não necrosante na mamaDo acervo de Liron Pantanowitz, MD, Tufts University School of Medicine, MA [Citation ends].
Classificação
Tipos de mastite e abscesso mamário[1]
Mastite lactacional: inflamação da mama com ou sem infecção associada à amamentação.
Mastite não lactacional: inflamação da mama com ou sem infecção na mama não lactante.
Mastite não infecciosa: inflamação da mama devida a uma etiologia não infecciosa e/ou idiopática.
Mastite subclínica: aumento da interleucina e relação sódio/potássio no leite materno na ausência de mastite clínica na mama lactante.
Abscesso mamário: infecção da mama localizada com coleção de pus delimitada.
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