Etiologia
A listeriose é uma doença de origem alimentar. A Listeria monocytogenes é o principal patógeno humano entre 21 espécies de Listeria identificadas.[4] É um bacilo Gram positivo, não formador de esporos e facultativamente anaeróbio.[5][28][29] Foram descobertos diferentes sorotipos sem importância diagnóstica na identificação, exceto para fins epidemiológicos.[30] O micróbio cresce em temperaturas entre 1 °C e 37 °C (33.8 °F e 98.6 °F), mas o crescimento ideal ocorre entre 30 °C a 37 °C (86 a 98.6 °F). A listeria é um dos poucos patógenos de origem alimentar que pode continuar a crescer em temperaturas tão baixas quanto -4 °C. Essa psicrotolerância contribui para sua persistência como patógeno, uma vez que a refrigeração é ineficaz contra sua proliferação, assim como a capacidade de resistir a procedimentos rotineiros de limpeza e desinfecção.[4][28] O bacilo é disseminado na natureza e comumente contamina muitos tipos de alimentos, incluindo queijos frescos (particularmente queijo branco e brie), leite não pasteurizado e seus derivados, embutidos não aquecidos, saladas frias pré-preparadas, patê refrigerado ou pastas de carne, peixe defumado refrigerado, brotos crus ou levemente cozidos e melão picado.[29][31][32][33]
As vias de infecção raras são as verticais (transplacentária ou através de canal vaginal contaminado) e através do contato direto (veterinários, fazendeiros) com embriões de animais ou aves contaminadas.[2][4] Portadores ruminantes podem ser assintomáticos.[34]
Fisiopatologia
O inóculo que pode causar a doença depende do perfil imunológico do paciente, bem como do potencial de acidificação do estômago.[1][3] Indivíduos imunocomprometidos ou idosos, gestantes e neonatos são mais suscetíveis devido à imunidade celular relativamente comprometida e à acidificação inadequada do estômago. A imunização e a resistência à listeriose são fornecidas por linfócitos sensibilizados, e não por anticorpos específicos do soro. Esse mecanismo causa o aumento dos casos de listeriose entre pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) (sobretudo se o CD4 <100/mm³), neoplasias hematológicas ou tratamento com quimioterapia.[1][17][18]
O período de incubação varia de 1 a 67 dias.[35] A virulência do patógeno também determina a gravidade da doença clínica e está relacionada ao sorotipo específico. Os sorotipos são identificados durante as epidemias de Listeria.
A Listeria é um patógeno intracelular com a capacidade de usar os nutrientes das células hospedeiras para divisão e com o potencial de escapar do ataque do sistema imunológico movendo-se de uma célula para outra. O ferro é necessário para o metabolismo e o crescimento da bactéria; dessa forma, a infecção pode ser observada em estados de sobrecarga de ferro (que também são uma forma de imunocomprometimento).[5][30][36] Através da circulação sanguínea, a Listeria pode afetar todos os órgãos, mas geralmente afeta o sistema nervoso central e a placenta.[1][2]
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