Etiologia
Para que ocorram lesões do ligamento colateral medial, é necessário que uma carga em valgo (torção para fora a partir da linha média) e/ou uma força de rotação externa seja aplicada ao joelho. Cargas em valgo podem ocorrer por meio de contato, sem contato e mecanismos de uso excessivo.[9] Mecanismos de contato, comumente associados a impactos à porção lateral do joelho, envolvem grandes estresses em valgo e frequentemente ocasionam uma ruptura completa do ligamento colateral medial. Estresses em valgo sem contato e estresses de rotação externa, observados em movimentos de corte, giro e desaceleração da perna (por exemplo, esqui), frequentemente causam rupturas parciais do ligamento colateral medial. Finalmente, mecanismos de uso excessivo podem ser observados em esportes, como natação (nado de peito com pernada em chicote) e ginástica, que exercem cargas em valgo repetitivas através da articulação do joelho.[13]
Fisiopatologia
Anatomicamente, o ligamento colateral medial é composto de uma porção superficial e de uma profunda. O ligamento colateral medial superficial está situado na camada média do compartimento medial do joelho e se estende desde o côndilo femoral medial até sua larga inserção na metáfise da tíbia, 4 a 5 cm abaixo da interlinha articular.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Anatomia do joelho anterior (joelho direito), patela removidaElaborado por Sanjeev Bhatia, MD; usado com permissão [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Incidência oblíqua do joelho medial (joelho direito). MCL: ligamento colateral medialElaborado por Sanjeev Bhatia, MD; usado com permissão [Citation ends].
É a principal restrição às forças em valgo na articulação do joelho em todos os graus de flexão. O ligamento colateral medial profundo está situado na terceira camada do compartimento medial e frequentemente está separado do ligamento colateral medial superficial por uma bursa, o que facilita o deslizamento dos dois componentes do ligamento durante a flexão. O ligamento colateral medial profundo se liga ao menisco medial, mas não ajuda na resistência a estresses valgos submetidos ao joelho.
A gravidade de uma lesão ao ligamento colateral medial está proporcionalmente relacionada ao número de fibras rompidas no ligamento colateral medial superficial. A localização mais comum das lesões do ligamento colateral medial é a inserção femoral.[13] Lesões de grau I consistem em um número mínimo de fibras rompidas, lesões de grau II têm um grau maior de ruptura ligamentosa e lesões de grau III acarretam o rompimento completo das fibras do ligamento colateral medial. Paradoxalmente, lesões do ligamento colateral medial de grau mais elevado geralmente estão associadas a uma dor menos intensa, talvez porque haja pouca ou nenhuma tensão no ligamento lesionado.[13] Pacientes com lesões no ligamento colateral medial repetidamente têm uma sensação de instabilidade em valgo e biomecânica alterada que causa artrose pós-traumática. A cura de lesões do ligamento colateral medial de graus I e II geralmente segue uma sequência relativamente previsível: hemorragia, inflamação, proliferação e remodelação.[14]
Os pacientes frequentemente têm lesões concomitantes do ligamento cruzado anterior, ligamento cruzado posterior e menisco. Consulte Ligamento cruzado anterior (Abordagem diagnóstica) e Ruptura de menisco (Abordagem diagnóstica).
Nas lesões do joelho por manobras de corte (que ocorrem quando o atleta energicamente muda de direção apoiado no pé que está sustentando o peso), as forças em valgo aplicadas ao joelho geralmente rompem inicialmente o ligamento capsular medial, em seguida o ligamento colateral medial e, por fim, o ligamento cruzado anterior.[15] Uma vez que o menisco está firmemente ligado ao ligamento colateral medial profundo, rupturas de menisco comumente ocorrem juntamente com rupturas do ligamento colateral medial.
Classificação
Classificação de O'Donoghue[1]
Lesão isolada do ligamento colateral medial grau I (leve)
O ligamento colateral medial sofre ruptura de poucas fibras, mas sem perda da integridade do ligamento.
Lesão isolada do ligamento colateral medial grau I (moderada)
O ligamento colateral medial é parcialmente rompido. Entretanto, as fibras ainda estão opostas. Pode haver uma leve frouxidão patológica, que pode ou não ser sintomática.
Lesão isolada do ligamento colateral medial grau III (grave)
A integridade do ligamento colateral medial é completamente rompida. Ocorre uma frouxidão patológica significativa do joelho com estresse em valgo.
Nomenclatura padrão de lesões atléticas do American Medical Association Committee on the Medical Aspects of Sports (Comitê sobre os aspectos clínicos do esporte da American Medical Association)[2]
As lesões do ligamento colateral medial são classificadas com base na abertura da articulação medial quando uma carga em valgo é aplicada em uma flexão do joelho de 20 a 30 graus:[Figure caption and citation for the preceding image starts]: O teste de estresse de abdução (valgo)Do acervo de Sanjeev Bhatia, MD; usado com permissão [Citation ends].
Grau I: abertura de 0 a 5 mm
Grau II: abertura de 5 a 10 mm
Grau III: abertura >10 mm
Classificação proposta, com base nos achados da RNM:[3]
Tipo 1: lesão pré-avulsão
Tipo 2: lesão por avulsão
Tipo 3: lesão do ligamento colateral medial
Tipo 4: ruptura distal do ligamento colateral medial e contusão óssea
Outras formas de lesão do ligamento colateral medial
Lesão do ligamento colateral medial + ligamento cruzado anterior (LCA)
O LCA é o ligamento mais comumente lesionado juntamente com o ligamento colateral medial.
Lesão do ligamento colateral medial + multiligamentar
O ligamento cruzado posterior, o ligamento colateral lateral e os meniscos são frequentemente lesionados simultaneamente.
Lesão do ligamento colateral medial recorrente
Lesão do ligamento colateral medial recorrente ou crônica é uma complicação da lesão do ligamento colateral medial aguda.
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