Etiologia

Há controvérsia com relação à etiologia da osteocondrite dissecante do joelho. Foram postuladas causas como inflamação, predisposição genética, isquemia, defeito na ossificação e trauma repetitivo, mas não existem dados suficientes que respaldem qualquer uma delas de forma conclusiva.

Uma predisposição genética foi originalmente proposta, o que sugere que a condição representa uma variação de displasia da epífise.[9] Relatos posteriores variaram com relação à predisposição genética.[10][11] Existe um importante subgrupo de pacientes com osteocondrite dissecante familiar múltipla e baixa estatura associada. Esse subgrupo deve ser identificado tanto para o tratamento adequado, como indivíduos dentro de uma família, quanto para aconselhamento genético.[12]

É relatada história de trauma em até 40% dos pacientes com osteocondrite dissecante no joelho e até 90% dos pacientes com osteocondrite envolvendo o tálus.[6] Mesmo sem história de trauma direto, a afecção parece estar relacionada ao microtrauma repetitivo semelhante à fratura por estresse.[2][13]

Fisiopatologia

Osteocondrite dissecante do joelho

  • A relação entre osteocondrite dissecante, ossificação anormal e aparência de "variante normal" da maturação da epífise permanece incerta. O aparecimento de irregularidades da ossificação na placa epifisária femoral distal (denominada "variante normal da ossificação") em radiografias simples foi originalmente relatado em 1958 e permanece um achado comum observado em radiografias simples de joelhos jovens.[14] Não há evidências que sugiram que a "variante normal" evolua para osteocondrite.

  • O papel da isquemia e do suprimento vascular não é muito claro. Especulações iniciais associavam a osteocondrite dissecante à necrose avascular, embora os estudos não respaldem essa teoria.[15][16] No entanto, os estudos têm demonstrado redução do suprimento de sangue próximo à inserção do ligamento cruzado posterior no côndilo femoral medial.[17] Essa região corresponde ao local da lesão clássica da osteocondrite.

  • Relatos de achados microteciduais em lesões estáveis de osteocondrite dissecante em pacientes jovens indicam uma instabilidade subjacente em camadas mais profundas da cartilagem articular e cicatrização insuficiente das áreas de separação. O exame histológico feito com base no tecido biopsiado revelou dois padrões distintos:[18]

    1. Cartilagem hialina espessa e homogênea sozinha com pouco tecido fibroso ao redor das áreas de separação.

    2. Quase normal, a cartilagem hialina fina acima de uma camada mista de cartilagem hialina e trabéculas subcondrais com tecido fibroso/fibrocartilaginoso nas áreas de separação, indicando união tardia ou a não união entre a superfície articular, a cartilagem hialina e o osso subcondral.

  • Foi proposto que as anormalidades biomecânicas, como o pinçamento repetitivo da crista tibial medial na região lateral do côndilo femoral medial com abdução do joelho, contribuem com essa condição.[19][20] A análise do local da osteocondrite dissecante e a posição do eixo mecânico dentro do mesmo compartimento do joelho foi relacionada para os dois joelhos, com o a osteocondrite dissecante de compartimento medial (eixo varo) e lateral (eixo valgo). Isso indica maior carga no compartimento do joelho afetado e, portanto, o alinhamento axial pode ser um cofator na osteocondrite dissecante dos côndilos femorais.[21]

Osteocondrite dissecante do tálus (tornozelo)

  • Um grande percentual de lesões do tálus parece estar diretamente relacionado ao trauma. Em uma ampla metanálise, 96% das lesões na região lateral e 62% das lesões na região medial do tálus estavam relacionadas com um evento traumático, normalmente um entorse lateral/inversão do tornozelo.[6]

Osteocondrite dissecante do capítulo (cotovelo)

  • A presença de um mecanismo de lançamento ruim e o uso em excesso em uma idade correspondente ao estágio médio do desenvolvimento ósseo do cotovelo são as prováveis combinações de fatores que causam osteocondrite do cotovelo. O núcleo de ossificação do capítulo é suprido, primariamente, pelos vasos posteriores que funcionam como artérias terminais em indivíduos esqueleticamente imaturos.[22]

  • A viabilidade celular na condroepífise pode ser comprometida pelo microtrauma repetitivo na artéria recorrente interóssea, artéria colateral média, artéria colateral radial e artéria recorrente radial, pois elas estão transversas à matriz de cartilagem mole. Essa lesão contínua pode resultar em um distúrbio da ossificação endocondral, o que causa a osteocondrite dissecante.[23]

Classificação

Classificação clínica​​[4]

1. juvenil

  • Esqueleto imaturo com fises abertas

2. adulta

  • Esqueleto maduro com fises fechadas

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