Abordagem
O quadro clínico da bursite é variável, pois ele depende da bursa afetada e da duração de sintomas. Estudos de imagem geralmente não são exigidos, uma vez que o diagnóstico pode ser realizado com base clínica.
História e exame físico
Os pacientes com bursite aguda normalmente apresentam queixas de dor localizada no local da bursa, principalmente sob movimento. Pode haver uma história de trauma, atividade ocupacional repetitiva, doença autoimune ou artropatia cristalina. Infecção pode ocorrer após uma lesão penetrante ou corpo estranho. Se a bursa for superficial, edema e eritema podem ser evidentes. Na bursite secundária ao depósito de cristais, a bursa é, em geral, particularmente eritematosa, dolorida e quente ao toque.
A bursite crônica pode durar vários meses e intensificar-se subitamente diversas vezes. Se a inflamação persistir próxima a uma articulação, o paciente provavelmente terá uma amplitude de movimento ativo limitada.[5][6][7][8] Normalmente na bursite, a amplitude de movimento passivo é preservada, enquanto a de movimento ativo é limitada.
Bursite séptica é mais comum nas bursas pré-patelar e do olécrano devido à sua posição superficial. Os sintomas sugestivos de bursite séptica incluem uma temperatura baixa, eritema local, edema e calor, às vezes, com celulite local.
Bursite subacromial: classicamente na bursite subacromial, o paciente se queixará de um arco dolorido na abdução do braço devido ao pinçamento da bursa sob o arco coracoacromial. Isso também pode acontecer em rupturas do manguito rotador e as duas condições podem coexistir.
Bursite trocantérica: pode haver a presença de fatores de risco que causem alteração na marcha. A bursite trocantérica é frequentemente chamada de "síndrome da dor trocantérica maior" em reconhecimento à complexa anatomia da área e ao fato de que a dor nem sempre é causada por uma bursite verdadeira. Têm sido propostos critérios de diagnóstico, mas sua sensibilidade, especificidade e valor preditivo ainda não foram estabelecidos.[5][12] Os critérios propõem que a dor lateral no quadril e a sensibilidade ao redor do trocânter maior devem estar presentes em combinação com 1 dos seguintes critérios:
Dor aos extremos de rotação, abdução ou adução
Dor à contração dos abdutores do quadril contra resistência
Pseudorradiculopatia: dor irradiando para baixo da região lateral da coxa.
Bursas do joelho: na bursite anserina, o paciente normalmente se queixará de sensibilidade da tíbia medial superior em um ponto 3 cm a 5 cm distal à interlinha articular medial do joelho.[7] Uma deformidade em valgo pode ser notada.
Na bursite pré-patelar e infrapatelar, a bursa pré-patelar está localizada entre a pele e a patela, e a bursa infrapatelar entre a pele e a tuberosidade tibial. Edema e eritema são comuns, e a patela pode estar impalpável se houver uma grande quantidade de líquido presente.
A bursite anserina e, às vezes, a bursite pré-patelar podem ser difíceis de diferenciar da osteoartrite do joelho na anamnese e no exame físico.
Bursite do olécrano: uma bursa superficial, suscetível à infecção e geralmente acompanhada de edema significativo. O paciente pode se recordar de um trauma direto no cotovelo.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Quadro clínico de um paciente com bursite do olécranoDo acervo pessoal de Nicola Maffulli, MD, MS, PhD, FRCS(Orth); usado com permissão [Citation ends].
Bursite retrocalcânea: sensibilidade na porção distal do tendão de Aquiles associada a edema é o quadro usual.[13] Pode haver uma saliência palpável e calçados que não calçam bem podem influenciar nessa condição.
Investigações
Se houver suspeita de bursite séptica, o líquido deverá ser aspirado e enviado para análise laboratorial com coloração de Gram e cultura. Se o líquido for aspirado, recomenda-se que também seja enviado para análise de cristais, especialmente se houver história de gota ou doença de depósito de pirofosfato de cálcio. A aspiração deve ser realizada de maneira asséptica. Bursas superficiais, como a bursa pré-patelar e do olécrano, podem ser facilmente drenadas, mas o auxílio de uma ultrassonografia (US) pode ser útil se a bursa for mais profunda.
O American College of Radiography (ACR) recomenda radiografias simples para investigar a dor crônica no quadril, joelho ou ombro, quando há suspeita de bursite, e para excluir causas menos comuns de dor crônica, como tumores ósseos.[14][15][16] Quando a radiografia não é diagnóstica e há suspeita de bursite no quadril ou no ombro, uma ressonância nuclear magnética (RM) sem contraste ou uma US podem ser úteis para identificar alterações nas estruturas dos tecidos moles e avaliar a coleção de fluidos.[14][16] A artrografia por RM ou tomografia computadorizada (TC) pode também ser considerada posteriormente em caso de suspeita de bursite subdeltoidea subacromial para dores no ombro.[16] A US ou a RM do joelho geralmente não é útil, embora a RM possa ajudar no diagnóstico da bursite infrapatelar profunda.[15]
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