Etiologia

A causa exata permanece desconhecida; contudo, acredita-se que fatores genéticos e ambientais contribuam para o desenvolvimento da arterite de células gigantes (ACG). A doença provavelmente é desencadeada por uma causa ambiental em uma pessoa geneticamente predisposta.

Polimorfismos genéticos na região do antígeno leucocitário humano (HLA) de classe II, especificamente os alelos HLA-DRB1*04 e DRB1*01, estão associados com suscetibilidade à ACG.[21]

Vários agentes infecciosos têm sido implicados, mas faltam evidências conclusivas. Esses agentes incluem o Mycoplasma pneumoniae, o parvovírus B19, vírus parainfluenza, a Chlamydia pneumoniae e o varicela-zóster vírus.[9]

Fisiopatologia

A arterite de células gigantes (ACG) é uma vasculite mediada imunologicamente, caracterizada pela inflamação granulomatosa na parede das artérias de tamanhos médio e grande.[22][23] Os ramos extracranianos da artéria carótida são preferencialmente envolvidos, embora a aorta e seus ramos principais também sejam acometidos com frequência. As artérias afetadas contêm lesões inflamatórias organizadas em granulomas compostos de células T e macrófagos.[22] As células gigantes multinucleadas estão presentes em cerca de 50% dos casos, mas não são necessárias para se fazer o diagnóstico de ACG.

Acredita-se que um dano imunológico inicial ocorra na camada adventícia ou externa da parede arterial.[2] Células dendríticas residentes altamente ativadas possuem um papel crítico ao atrair e apresentar o antígeno às células T. As células T CD4 entram na artéria através dos vasa vasorum e, sob ativação, proliferam e sofrem expansão clonal na parede vascular. As células T liberam a citocina gamainterferona a qual, por sua vez, estimula macrófagos infiltradores de tecidos e induz a formação de células gigantes multinucleadas.[2] Os macrófagos na adventícia produzem citocinas interleucina 1 e interleucina 6 que são responsáveis pela inflamação sistêmica e resposta de fase aguda, resultando em elevação dos marcadores inflamatórios.[22] Na camada média ou muscular da artéria, os macrófagos causam dano tecidual ao liberar metaloproteinases da matriz e espécies reativas de oxigênio, resultando em estresse oxidativo.[2] Consequentemente, a parede elástica interna, que separa as camadas média e íntima, se torna fragmentada. Em alguns pacientes, a gamainterferona promove a diferenciação e a fusão de macrófagos altamente ativados para formar células gigantes multinucleadas.[22] As células gigantes multinucleadas tendem a recostar na borda médio-íntima, frequentemente proximamente a fragmentos da parede elástica interna.

Em resposta à lesão imunológica, a artéria libera fatores de crescimento e angiogênicos (ou seja, fator de crescimento derivado de plaquetas e fator de crescimento endotelial vascular) que resulta em proliferação de miofibroblastos, nova formação de vasos e espessamento significativo da camada íntima ou interna.[2]

Esse processo de expansão íntima e hiperplasia causa o estreitamento e oclusão do lúmen vascular, causando, por fim, isquemia tecidual. Os sintomas clínicos derivam da isquemia de órgãos como os olhos e o cérebro, causando cegueira e acidente vascular cerebral (AVC).[24][25][26] A inflamação de baixo grau também foi demonstrada em amostras de biópsia da artéria temporal de pacientes com polimialgia reumática, mas sem arterite clínica evidente.[27]

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