Novos tratamentos

Estatinas

Há evidências que sugerem que as estatinas podem reduzir o risco de pneumonia adquirida na comunidade (PAC) e suas complicações, graças aos seus efeitos imunomoduladores. Dados sugerem que os pacientes com PAC que recebem estatinas na internação hospitalar têm um menor risco de mortalidade durante a internação.[183] Uma metanálise constatou que as estatinas podem reduzir a mortalidade associada à PAC, bem como reduzir a necessidade de ventilação mecânica ou admissão à unidade de terapia intensiva.[184] No entanto, não está claro se o uso de estatinas pode reduzir o risco de pneumonia; são necessários mais estudos. É importante observar que as estatinas interagem com macrolídeos, uma classe de antibióticos comumente usados no tratamento para PAC. Esses medicamentos não devem ser usados em combinação, pois os macrolídeos inibem o metabolismo das estatinas por meio da via CYP3A4 e, portanto, aumentam o risco de miopatia e rabdomiólise.

Antibióticos mais recentes

Dadas as preocupações com o aumento da resistência medicamentosa e os problemas de segurança com os antibióticos existentes (por exemplo, fluoroquinolonas), há uma necessidade de pesquisas adicionais relacionadas aos novos agentes terapêuticos. Os antibióticos mais novos são detalhados abaixo. As diretrizes atuais ainda não os recomendam, pois eles precisam de maior validação. Portanto, esses medicamentos ainda são considerados novos. Apesar disso, alguns desses antibióticos mais novos estão aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e outras agências reguladoras para o tratamento da pneumonia adquirida na comunidade (PAC) e podem ser considerados sob orientação especializada.

Lefamulina

Um antibiótico pleuromutilina de primeira classe disponível em formulações oral e intravenosa. Ele inibe a síntese de proteína bacteriana via interações com os locais A e P do centro de peptidil transferase na subunidade 50S. A lefamulina oferece um espectro único da atividade que cobre Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, Legionella pneumophila, Chlamydia pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae, Staphylococcus aureus (incluindo Staphylococcus aureus resistente à meticilina [MRSA], Estreptococos beta-hemolíticos (incluindo S pyogenes e S agalactiae) e Enterococcus faecium (incluindo enterococcus resistente à vancomicina). Ela não possui resistência cruzada com outras classes de antibióticos para S pneumoniae e S aureus.[185][186][187]​​ A segurança e eficácia da lefamulina foi avaliada em dois ensaios clínicos de fase 3, nos quais ficou constatado que ela não é inferior ao moxifloxacino (com ou sem linezolida) em termos dos desfechos de eficácia primários (resposta clínica inicial, avaliação da resposta clínica pelo pesquisador). Ela foi considerada segura e bem tolerada.[188][189]​​ No entanto, ela tem potencial para causar prolongamento do intervalo QT e não deve ser usada em pacientes com prolongamento do intervalo QT conhecido, arritmias ventriculares ou que usem outros medicamentos que prolonguem o intervalo QT. A lefamulina está aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o tratamento da PAC em adultos; no entanto, seu lugar exato no tratamento ainda não está claro. Uma revisão sistemática sugere um papel para a lefamulina como agente alternativo aos betalactâmicos e macrolídeos na PAC bacteriana e uma alternativa à amoxicilina e à doxiciclina no cenário ambulatorial.[190]​ A lefamulina também está aprovada na Europa para o tratamento da PAC.

Delafloxacina

Um novo antibiótico fluoroquinolona aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o tratamento de adultos com PAC causada por bactérias suscetíveis designadas. A aprovação se baseia nos resultados de um estudo de fase 3 que constatou que ela não é inferior ao moxifloxacino.[191]​ A delafloxacina também está aprovada na Europa para o tratamento da PAC.

Omadaciclina

Um novo antibiótico de tetraciclina modernizado (aminometilciclina) com atividade de amplo espectro, desenvolvido para combater a resistência à tetraciclina. Está disponível em formulações intravenosas e orais. Como outros antibióticos da classe da tetraciclina, a omadaciclina pode causar descoloração dos dentes decíduos e inibição do crescimento ósseo fetal quando administrada durante a gravidez. Constatou-se que ele não é inferior ao moxifloxacino em termos de eficácia de adultos com PAC.[192] A omadaciclina está é aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o tratamento da PAC em adultos; no entanto, sua aprovação para essa indicação foi recusada na Europa.

Ceftobiprol

Uma cefalosporina de amplo espectro de quinta geração com atividade microbiológica contra a maioria dos patógenos bacterianos típicos e atípicos que causam PAC. Isso inclui organismos resistentes a múltiplos medicamentos, como S pneumoniae resistente à penicilina, MRSA e cepas de Enterobacterales produtoras de beta-lactamase de espectro não estendido (não-ESBL). Ele está disponível em formulações intravenosas e orais. O ceftobiprol está aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o tratamento de PAC em adultos e pode ser considerado uma potencial alternativa para o tratamento empírico de pneumonia em pacientes com alto risco de organismos resistentes a múltiplos medicamentos.[193] Atualmente o ceftobiprol não está aprovado na Europa.

Nemonoxacino

Uma quinolona de amplo espectro não fluorada. Ela tem atividade antimicrobiana maior que as fluoroquinolonas (por exemplo, levofloxacino) contra MRSA, Staphylococcus epidermidis sensível à meticilina (MSSE), S epidermidis resistente à meticilina (MRSE), S pneumoniae e Enterobacter faecalis. Uma revisão sistemática constatou que ela é tão efetiva e bem tolerada quanto o levofloxacino em pacientes com PAC.[194] O nemonoxacino está aprovado em Taiwan para o tratamento da PAC em adultos, mas não está aprovado nos EUA, Reino Unido ou Europa atualmente.

Solitromicina

Um fluorocetolídeo experimental com atividade antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas comumente associadas à PAC. Um estudo de fase 2 concluído mostrou que a solitromicina teve eficácia semelhante à do levofloxacino em adultos com PAC bacteriana com escores de II a IV no Pneumonia Severity Index.[195] Constatou-se também que ele não é inferior ao moxifloxacino.[196] A solitromicina está atualmente em fase 3 de desenvolvimento para o tratamento de PAC bacteriana.

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