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Obesitas bij kinderenPublicada por: Domus Medica | SSMGÚltima publicação: 2008Obésité chez l'enfantPublicada por: Domus Medica | SSMGÚltima publicação: 2008O diagnóstico baseia-se principalmente no exame físico e em uma história minuciosa, juntamente com o índice de massa corporal (IMC) da criança. A circunferência da cintura e a espessura das dobras cutâneas podem ser usadas para dar suporte ao diagnóstico. As técnicas de imagem raramente são usadas.
História
Muitas crianças não apresentam uma queixa específica de obesidade ou rápido ganho de peso; assim, o rastreamento da adiposidade excessiva é importante em todas as visitas.
Analise os fatores ambientais, sociais e familiares que podem contribuir para a obesidade e influenciar a probabilidade de sucesso no tratamento.[42][57]
As crianças com um ou os dois pais com obesidade têm maior risco de desenvolver obesidade, assim como as crianças com pouca idade e sobrepeso, crianças negras não hispânicas e crianças hispânicas, e as crianças criadas em famílias com condição socioeconômica desfavorável.[5][17][25] A história materna quanto a diabetes gestacional, ganho de peso ou obesidade durante a gestação ou desnutrição durante a gestação deve ser observada.[24][25] A criança pode ter nascido com um tamanho pequeno para a idade gestacional.
A revisão da história dietética é importante para avaliar as potenciais escolhas alimentares que podem se modificadas. A avaliação de padrões de exercícios diários também é importante, já que o comportamento sedentário (por exemplo, tempo em frente à tela do computador/televisão com >2-3 horas/dia) tem sido associado à obesidade.[27][28] Investigue especificamente sobre a duração, a intensidade e o tipo de atividade física.[58]
Os pacientes podem apresentar sintomas de complicações/comorbidades associadas com a obesidade, inclusive:
Cefaleia (associada com hipertensão e pseudotumor cerebral)
Ronco ou sonolência diurna (apneia obstrutiva do sono)
Dor abdominal (colelitíase)
Dor no quadril (epifisiólise proximal do fêmur)
Poliúria ou polidipsia (diabetes do tipo 2)
Menstruação irregular e/ou hirsutismo (síndrome do ovário policístico).
Uma história clínica e familiar completa também deve ser obtida, conforme indicado, a fim de se descartarem outras causas da obesidade devido a doenças como hipotireoidismo, síndrome de Cushing, pseudo-hipoparatireoidismo e obesidade hipotalâmica após uma cirurgia para craniofaringioma.
Deve-se obter a história medicamentosa para medicamentos que incluem neuropsiquiátricos, corticosteroides, antibióticos e agentes de supressão ácida.[31][32][59]
Investigue sobre as consequências psicossociais da obesidade: por exemplo, bullying, provocações, baixa autoestima. Pergunte especificamente sobre hábitos de distúrbio alimentar ou tentativas de perder/controlar o peso. Crianças podem usar métodos não saudáveis, como vômitos, uso indevido de laxantes ou comprimidos dietéticos na tentativa de perder ou controlar o peso.[60] A compulsão alimentar (comer grandes quantidades mesmo sem fome) é comum entre as crianças e adolescentes com sobrepeso/obesidade, e está associada a um maior tempo diante de telas.[61] A obesidade aumenta o risco de ansiedade e depressão em crianças.[62][63]
As crianças com mutações genéticas apresentam obesidade precoce grave, geralmente associada à interrupção dos mecanismos normais de controle de apetite.
Exame físico
As crianças com sobrepeso ou obesidade têm maior prevalência de hipertensão; logo, a pressão arterial deve ser medida.[3][64] A acantose nigricans pode ser observada nas crianças com obesidade, e está associada a resistência insulínica. A acne e/ou o hirsutismo podem estar associados à síndrome do ovário policístico.
A baixa estatura associada à obesidade deve levantar a suspeita de anormalidade hormonal como a causa da obesidade (por exemplo, hipotireoidismo, síndrome de Cushing). O atraso de desenvolvimento, as características dismórficas e o hipogonadismo em associação com baixa estatura, indicam uma síndrome genética como a síndrome de Prader-Willi e a síndrome de Bardet-Biedl. O hipogonadismo também pode estar presente na deficiência de leptina, e o cabelo ruivo e o hipocortisolismo são observados na deficiência de pró-opiomelanocortina.
Índices de gordura corporal
Índice de massa corporal (IMC)
O método de medida mais amplamente aceito para a gordura corporal é o IMC (o peso em quilogramas dividido pela altura em metros quadrados).[64] Portanto, as medidas precisas da altura e do peso são muito importantes.
Os pontos de corte anormais do IMC em crianças são determinados pelos percentis específicos da idade e do sexo, baseados em gráficos de crescimento.[2] Um IMC >percentil 85 é definido como sobrepeso.[4][64][65]
A obesidade é classificada da seguinte maneira:[3][5][6][66]
Classe 1 (IMC ≥95º percentil)
Classe 2 (IMC 120% a 139% do 95º percentil, ou IMC absoluto de ≥35 kg/m² a <40 kg/m², o que for menor para a idade e o sexo)
Classe 3 (IMC ≥140% do 95º percentil, ou IMC absoluto ≥40 kg/m², o que for menor para a idade e o sexo).
Para crianças <2 anos de idade, os valores normativos do IMC não estão disponíveis. Valores de peso por altura acima do percentil 95º nessa faixa etária podem ser classificados como sobrepeso.[7]
Embora o IMC seja uma medida indireta da gordura corporal, descobriu-se que ele está correlacionado à adiposidade.[1][67] Entretanto, o IMC não permite distinguir entre a gordura subcutânea e a gordura visceral (cuja associação a fatores de risco cardiovasculares e metabólicos foi demonstrada).[68][69] As crianças que são muito musculosas podem estar na faixa anormal de IMC, apesar de terem adiposidade de normal a baixa.
Circunferência da cintura
A circunferência da cintura ou a relação cintura-quadril pode ser usada como uma medida indireta da adiposidade visceral (cuja associação a fatores de risco cardiovasculares e metabólicos foi demonstrada).[68][69]
O cálculo da circunferência da cintura não é invasivo e pode ser útil em associação com o IMC para identificar crianças acima do peso com maior risco metabólico.
Os percentis de circunferência da cintura foram desenvolvidos para crianças de 2 a 19 anos de idade.[2] No entanto, os pontos de corte que indicariam um risco acima daquele da medida do IMC, não estão disponíveis.[59]
Nos adultos, as circunferências da cintura >102 cm (>40 polegadas) para homens e >88 cm (>34 polegadas) para mulheres estão associadas a um risco elevado de problemas metabólicos.[70]
Os gráficos de crescimento podem ser encontrados no Royal College of Paediatrics and Child Health do Reino Unido e na Organização Mundial da Saúde: Royal College of Paediatrics and Child Health: growth charts Opens in new window Os padrões de crescimento de 2006 da Organização Mundial da Saúde são recomendados em muitos países para crianças de 0-5 anos, e para crianças de 0-2 anos nos EUA. WHO: Child growth standards. Opens in new window
Investigações
Investigações para rastrear comorbidades/complicações comuns:[18][64][71]
Lipoproteínas em jejum para rastrear dislipidemia nas crianças com mais de 10 anos de idade com um IMC de percentil ≥85
Glicemia em jejum, glicose plasmática a 2 horas durante um teste oral de tolerância à glicose com 75 g de glicose, ou hemoglobina A1c, para rastrear diabetes mellitus do tipo 2 em crianças com obesidade, ou com sobrepeso e com mais de 10 anos de idade
Testes da função hepática (TFHs) para rastrear a presença de doença hepática gordurosa não alcoólica em crianças com obesidade, ou com sobrepeso e com mais de 10 anos de idade.[72][73]
As investigações para identificar causas clínicas da obesidade dependem dos sintomas e das características do paciente (por exemplo, baixa estatura, fadiga, estrias violáceas, hirsutismo, menstruações irregulares, características dismórficas), mas podem incluir:
Testes da função tireoidiana para o hipotireoidismo
Cortisol livre urinário ou cortisol salivar noturno para a síndrome de Cushing
Cálcio sérico, fosfato e paratormônio para pseudo-hipoparatireoidismo
Avaliação do eixo hipotálamo-hipofisário na obesidade hipotalâmica após cirurgia de craniofaringioma
Tentativa terapêutica de descontinuação de medicamentos suspeitos de causar obesidade, quando possível[59]
Teste genético em pacientes suspeitos de terem:
Obesidade monogênica
Síndrome de Bardet-Biedl
Síndrome de Prader-Willi.
Os exames adequados que devem ser obtidos pelo médico de atenção primária incluem lipoproteínas em jejum, glicemia em jejum ou hemoglobina A1c, um perfil metabólico completo e testes da função tireoidiana. O médico deve considerar o encaminhamento do paciente para um endocrinologista pediátrico caso algum desses exames seja anormal, ou caso sejam necessários exames mais específicos como cortisol livre urinário, cortisol salivar noturno, hormônios da hipófise ou teste genético.
Comorbidades
Em uma revisão de estudos, a American Academy of Pediatrics constatou que a prevalência de valores lipídicos e metabolismo da glicose anormais, e de pressão arterial e alanina transaminase média elevadas, variaram com a classificação de peso. Foi constatado que as crianças com sobrepeso ou obesidade estão associadas a uma maior prevalência de comorbidades.[73] No entanto, de maneira geral, os resultados mostraram que a grande maioria de crianças, mesmo aquelas com obesidade, têm valores normais.[73]
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